segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ARCHOTE - HARDCORE MELÓDICO DO RS.


 Que não é novidade que o RS produz bandas boas, realmente não é. Já ouvi bandas como o Arca de Noé, Encontrados e a Banda Grano, e falando desse post sobre a Banda Archote, indicação de Edu Encontrado (guitarrista e vocalista dos Encontrados e guitarrista da Banda Grano) no grupo do facebook Punk Rock, Hardcore, SKA, Oi Cristão e qualquer outro subgênero do tipo, ela já tem um videoclipe chamado Sabiá, que a primeira sonoridade, lembra bem a banda de hardcore melódico paulistana CPM22, e tem se preparado para lançar seu primeiro álbum em Outubro desse ano. Conversei com Lucas Campani, baixo e voz da banda, e ele nos diz o que podemos esperar por aí. Como sempre, o som estará no final dessa matéria. Vamos as perguntas...

Cristo Suburbano - Por que o nome Archote? E o que significa isso para vocês?
Lucas Campani - É sinônimo de “tocha”. A simbologia da “luz” nas Escrituras é bem vasta; nós apreciamos e nos identificamos mais com o aspecto da manifestação de Deus mesmo, seja através da Palavra escrita, ou outra forma. De fato temos essa pretensão de que Deus se manifeste em nós e através de nós também através dessa banda.
Cristo Suburbano - Quais as influências musicais da banda?
Lucas Campani - A maior parte da nossa musicalidade vem da escola californiana de punk rock/ HC que tanta proeminência teve nos anos 90. Poderia citar o Tiago Reckziegel Bello, que é um grande artista de Novo Hamburgo que hoje em dia trabalha com desenho de som para o cinema. Ele nunca teve projeção como músico, mas para minha maneira de cantar e compor, ele foi bastante influente.
Das bandas do estilo, as mais influentes no nosso som são: Millencolin (Life on a Plate e For Monkeys) e The Offspring (Ignition e Smash).

Cristo Suburbano - Vocês fizeram composições dentro da antiga Febem, que no RS se chama FASE. As músicas foram compostas lá ou vocês se apresentavam lá?
Lucas Campani - Eu e o Allan tínhamos o compromisso muitos fins de semana lá, conversando com a gurizada e tocando uns sons. Lá é que nos entrosamos musicalmente.
Lembro da minha apreensão em março de 2003 pelo fato de o nosso estilo ser diverso do que aquele que essa gurizada normalmente curte, que é o RAP. Eu curto demais RAP, mas definitivamente não é a minha praia compor e cantar e estava em dúvida quanto a se seríamos aceitos.
Resultado é que de 2003 a 2009 (que é quando o cessamos nossa participação lá) nunca tivemos uma só reunião que não tenha sido muito paulada.
A gurizada sempre absorveu a mensagem e curtiu o som, porque, como lá em março de 2003 eu tinha entendido: humildade não tem a ver com a estética, mas com a posição do espírito diante de Deus e de Sua mensagem.
Quando há esse tipo de humildade por parte do interlocutor, um pastor do interior como David Wilkerson pode alcançar plena identificação e comunicação com a galera mais sinistra de New York, como de fato aconteceu e está retratado no filme e no livro “A Cruz e o Punhal”.
Cristo Suburbano - A canção Sabiá nasceu dessa fase? O que seria a ideia dessa música?
Lucas Campani - Eu trampo no Teen Challenge de Porto Alegre, e esse som nasceu lá e numa vigília com meus amigos.
O refrão nasceu de um som espontâneo na vigília e o verso foi feito tendo em mente um gurizão que estava interno lá no Centro de Recuperação. Ele tinha toda uma estética (forma de vestir, falar) que era agradável às pessoas, e se contentava com isso. Porém, como eu tinha o dever de conhecê-lo mais profundamente, eu sabia que ele era preso pela amargura e desejo de vingar-se do seu tio, que era seu herói e pastor e que tinha sido infiel ao extremo, cometendo adultério com sua esposa.
Eu sabia da foto que ele tinha do tio com um furo no meio da testa e da vontade dele de matá-lo. Ele não estava conseguindo abrir-se nem um pouco para o Evangelho. Do início do dia ao fim, tudo o que fazia era testar os cristãos, porque para ele, eram todos hipócritas como o tio dele. Por isso, ele era um rapaz extremamente infeliz, mas, como acontece com um pássaro preso na gaiola, as pessoas em geral não queriam saber se ele estava livre e atingindo o propósito para o qual foi criado, mas somente se sua estética as agradava. E essa apreciação do grupo claramente o confortava e iludia de que estava tudo bem com ele. Infelizmente até a última vez que vi ele, ainda não estava diferente.
Porém, em muitos casos, tenho visto que o Evangelho tem aberto os olhos de muitas pessoas e as retirado desse estado patético.
Cristo Suburbano - Vocês estão para lançar material inédito. Fale um pouco sobre isso.
Lucas Campani - Então, desde 2002 (quando eu estava saindo das drogas e recebendo o Senhor) tenho criado músicas. Hoje em dia temos cerca de 70.
Em 2007 começamos a tocar nas ruas, escolas e praças, mas depois de um tempo paramos. Um belo dia, o Edu Encontrado me disse que queria muito nos gravar e que faria isso de graça. Ele sempre confiou na minha experiência como cristão e curtiu nosso som. Então, posso colocar ele como principal agente para que tenhamos voltado, e voltado gravando. Ele, por uma série de circunstâncias, não pôde gravar todo o CD, mas nos indicou o Sebastian Carsin.
Agora eu estou apavorado com quem é esse produtor uruguaio que vive aqui em Porto Alegre. O bicho vive o Rock e manja muito. Eu nunca imaginei que iria conseguir fazer um material tão paulada agora.
Em outubro está saindo, ele vai ter 10 faixas e estamos muito felizes e agradecidos ao Edu e ao Seba.

Cristo Suburbano - Como andam os shows no Sul?
Lucas Campani - Antes tocávamos só pra algumas crianças e adolescentes em escolas municipais, na FASE e nas praças (com toda a alegria e entusiasmo), porém nesse último ano conhecemos o Ulisses e a Grano, e isso foi muito doido.
No fim de semana passado fizemos nossa primeira apresentação conjunta, e só posso dizer que estou feliz, velho.
A gurizada é simples e de verdade e o som é paulada mesmo. Nossa intenção é seguir andando junto com eles.
Cristo Suburbano - Falem algo sobre Jesus para quem está lendo essa entrevista. 
Lucas Campani: No Brasil, Jesus tem sido retratado na avassaladora maioria das vezes como um médico gente fina que é também hippie. E esse definitivamente não é o meu Senhor.
Eu gostaria de lembrar a todos que estão lendo isso, que Jesus foi crucificado porque não omitia a verdade de que Ele mesmo era o único Deus e a única forma de salvação do pecado e do juízo e também porque exigia mudança de comportamento e pensamento de todos, oferecendo-se como meio para tal mudança.
Quem crucificaria um hippie e pacifista? Pelo amor de Deus!
Diz-se muito “Jesus te ama”, mas no que consiste esse “amor” nas Escrituras? Não é ajudar as pessoas quando elas se sentirem mal somente, mas essencialmente e prioritariamente corrigi-las compassivamente para que honrem e obedeçam a Deus em todas as coisas.
A fé que salva nos faz confiar Nele para o perdão, mas também gera uma admiração por Jesus que transforma nossa mentalidade.
Jesus quebrou todo encanto da estética e veio nos unir em paz com o Pai. Todo amor por ideologias estranhas ao Cristianismo, mesmo a originalmente dita punk (niilista, desconstrutivista, etc.), deve cair.
Tudo em nós deve concordar com o expresso nas Escrituras. Essa é a salvação que Jesus veio trazer: salvar-nos de tudo que não está de acordo com o agrado do Pai. Salvar-nos da justa ira vindoura de Deus e nos levar a um estado em que somos família Dele.
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